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Política 23/02/2018 às 14:04

Fonte: Mídia News

Escrito por: Mídia News

Dinheiro era pagamento de extorsão para não atrapalhar obras


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Foto Por: Mídia News

O ex-governador Silval Barbosa afirmou que o dinheiro que o prefeito de Cuiabá Emanuel Pinheiro (MDB) aparece colocando em seu paletó, cujas imagens foram anexadas em sua delação premiada, era fruto de “extorsão” dos deputados estaduais para não atrapalhar as obras da Copa do Mundo de 2014.

 

A declaração foi dada durante depoimento na CPI do Paletó, em andamento na Câmara de Cuiabá, na manhã desta sexta-feira (23). O ex-governador estava acompanhado pelos advogados Délio Fortes Lins e Leo Catalá.

 

“Aquelas imagens que foram gravadas não têm nada a ver com mensalinho. Mensalinho era outra coisa. Mensalinho não se confunde com aquelas imagens. Aquelas imagens eram um acordo de extorsão que foi feito pelos membros do Legislativo”, disse.

 

Aquelas imagens que foram gravadas não têm nada a ver com mensalinho. Mensalinho era outra coisa

Silval disse que os parlamentares chegaram a fazer reunião de colegiado, em que são definidas as pautas de votação, para definir como iriam extorqui-lo. Segundo ele, o acordo foi de R$ 600 mil para cada parlamentar.

 

“Por conta das obras que estavam sendo executadas, quando começaram a sair recursos, quando começaram várias obras, começaram os problemas do meu Governo. Chegaram a fazer reunião de colegiado para ver como iriam me extorquir”, afirmou.

 

“Aquelas imagens são fruto de extorsão que houve para não atrapalhar obras da Copa, MT Integrado e outras. Chegaram a pedir R$ 1 milhão. Chegamos a um acordo de R$ 600 mil para cada deputado e dividimos em doze parcelas”, disse.

 

Silvio fazia pagamentos

 

O vereador Adevair Cabral (PSDB), relator da CPI, questionou Silval sobre quem era o responsável por pagar as propinas.

 

“O acordo com deputados foi feito comigo, deleguei para fazer os repasses ao Silvio. Ele controlava. Para você cumprir uma extorsão dessas, tínhamos que ir a empresa pedir dinheiro, pedir propina. Fiz o contato com empresários do MT integrado e da Petrobrás. Eu pedia como se fosse para pagar restos de campanha e eles ajudavam”, revelou.

 

“Valdisio [Viriato] da Sinfra passou a arrecadar as medições. Ele passava para mim e eu passava ao Silvio, que dava aos deputados. O Silvio não aguentava pressão e por isso gravou”, disse.

 

Nomes

 

Adevair questionou quem recebia as propinas e o ex-governador elencou os nomes dos deputados.

 

“Quem tinha controle era o Silvio Corrêa. Eu lembrei da maioria que está na minha colaboração. Posso elencar nomes que eu lembrei: Ademir Brunetto, Baiano Filho, Dilmar Dal’Bosco, Azambuja, Ezequiel Fonseca, J. Barreto, João Malheiros, Luciane Bezerra, Luiz Marinho, Mauro Savi, Airton Português, José Riva, Romoaldo Junior, Sebastião Rezende,  Wagner Ramos, Valter Rabelo, Zé Domingos, Pedro Satélite, Emanuel Pinheiro, Alexandre César e Gilmar Fabris”, disse.

 

Coisas erradas continuam acontecendo até hoje. Quando estive preso, por exemplo, várias pessoas do atual governo estiveram presas e me contaram coisas

80%

 

Segundo ele, a maior parte dos deputados recebeu até 80% do que foi acordado.

 

“Como eu já disse, quem tinha controle era o Silvio. Foi acordado passar em doze vezes. Parte foi pago totalmente, como caso da Luciane Bezerra, que pegou até mais. Mas a maioria dos deputados recebeu cerca 80%”, disse.

 

Chantagem

 

De acordo com Silval, Adalto de Freitas chegou a gravar uma reunião dos parlamentares em que combinavam formas de extorqui-lo.

 

“Quando foram liberados convênios que elenquei aqui, das obras Copa, MT Integrado e outros programas, começou a pressão por parte do TCE, da Assembleia. Um dia fizeram reunião no Colégio de Líderes, de que participaram praticamente todos os deputados, para combinar de que forma iriam me abordar para fazer a extorsão”, afirmou.

 

“O deputado Daltinho gravou a reunião porque era suplente e queria ficar na titularidade. Acabou a reunião e ele foi à Mesa Diretora e fez chantagem. Quem me contou isso foi Romoaldo, Riva e Savi”, disse.

 

“Depois disso fizeram uma comissão para falar comigo sobre os pagamentos. E aí chegamos ao valor de R$ 600 mil para cada deputado”, afirmou.

 

O ex-governador revelou ter tratado com Emanuel os valores da propina.

 

“Quando atrasava o pagamento, o senhor não imagina a pressão. Falei com a maioria deles, inclusive com Emanuel”, disse.

 

Questionado sobre as razões de não ter outras gravações, Silval disse que as imagens foram feitas após a pressão dos parlamentares aumentar.

 

“Porque estava ocorrendo normalmente. Depois, em 2014, começou a sacanagem. Uma briga constante, pressão, por isso o Silvio começou a gravar. A Luciane, por exemplo, chegou a brigar com o Silvio por conta dos pagamentos”, afirmou.

 

 

Coisas erradas continuam

 

Silval disse não ter recebido pressão para não fazer delação, pois, quando estava preso, entre 2015 e 2016, não recebeu visitas a não ser da família e dos advogados.

 

O ex-governador disse, ainda, que “coisas erradas” continuam atualmente.

 

“Sei que aqui tem objetivo de investigar o prefeito. Não estou aqui para condenar ninguém. As coisas erradas continuam acontecendo até hoje. Quando estive preso, por exemplo, várias pessoas do atual Governo estiveram presas e me contaram coisas”, disse.

 

“Cada deputado se apropriava no mandato de R$ 2,4 milhões. Hoje, isso foi institucionalizado no Governo”, afirmou.

 

Não era dinheiro de pesquisa

 

Ao responder os questionamentos do vereador Mario Nadaf (PV), Silval disse não ter sido procurado por Emanuel em nenhum momento.

 

Mas negou a versão apresentada pelo prefeito de que dinheiro era relativo ao pagamento de uma pesquisa feita pelo instituto de seu irmão, o empresário Marco Polo Pinheiro, conhecido como "Popó".

 

“Conheço o Instituto Mark há muitos anos. Contratei várias pesquisas. O partido também teve a oportunidade. Foram várias pesquisas. Como toda campanha eleitoral, a pesquisa é paga e declarado um terço. O restante é caixa 2 mesmo”.

 

“Mas a questão do vídeo não tem nada a ver com pesquisa de Popó. O vídeo era do  acordo com deputados”, disse.

 

“Toda eleição de Mesa tem acerto”

 

O presidente da CPI, Marcelo Bussiki (PSB), questiona se Emanuel participou de algum acerto para eleição das mesas diretoras da Assembleia. Em sua delação, o ex-governador disse que havia negociação.

 

“Toda eleição da Mesa tem negociação. Nunca vi uma eleição que não tenha acerto. Toda Mesa que acompanhei houve acordo com os demais parlamentares”.

 

“Na última [eleição da] Mesa, em 2015, quem estava disputando era Mauro Savi e Romoaldo, que me pressionaram para eles ganharem. Era coisa de louco. Eles diziam que precisavam de R$ 8 a 10 milhões. Eu repassei R$ 7 milhões e eles não conseguiram. Eles me disseram que a Mesa custou R$ 16 milhões”.

 

Bussiki questionou se Emanuel recebeu algum valor. “Não vou dizer nomes, porque não sei. Seria irresponsável dizer. Sei que tem acordo”.

 

Pressão era geral

 

“Houve chantagem do Emanuel caso não ocorresse pagamentos?”, questiona Bussiki.

 

“Se havia atraso, a pressão era geral. Eram todos. Pressão constante para recebimento quando havia atraso”, disse.

 

O deputado Oscar Bezerra, por exemplo, quem vê na TV acha que é o maior moralista. Mas colocou interlocutor para falar comigo. Depois até ele mesmo falou comigo

“Acordo que havia era nos programas de Governo. Não era tratado com Emanuel ou determinada comissão sobre pontos específicos. Foi feito acordo geral e apoio era geral para o Governo”, explicou.

 

 

Sem blindagem

 

Bussiki relembra que Emanuel chegou a entrar na Justiça para integrar a CPI dos Incentivos Fiscais. E questionou se isso era para proteger o ex-governador.

 

“Eu já tinha saído do Governo. Achei que os membros iriam me blindar. O que não aconteceu”, disse.

 

Extorsão de parlamentares

 

“O deputado Oscar Bezerra, por exemplo, quem vê na TV acha que é o maior moralista. Mas colocou interlocutor para falar comigo. Depois até ele mesmo falou comigo. Cheguei a passar R$ 200 mil para ele me blindar na CPI das Obras da Copa O Silvano e o Zé Domingos extorquiram minha família até o fim”, disse.

 

Blindagem de empresários

 

“Em dezembro de 2014 foi aprovada nova lei do Prodeic, revogada pelo Taques. Seria uma forma de regularizar concessões de benefícios fiscais ilegais. O Emanuel teve participação?”, questiona Bussiki.

 

“A lei foi elaborada na Casa Civil e Sefaz. Lei ampla. Tinha cunho de blindagem aos incentivos concedidos. Também proteção aos empresários. Foi aprovada na Assembleia, mas não tinha não participação específica do Emanuel”.

 

Nomeação de Zanatta

 

Bussiki questionou, então, se a indicação de Alan Zanatta ao seu Governo foi feita por Emanuel. Zanatta foi o responsável por gravar conversa com Silvio Corrêa supostanente para beneficiar o prefeito.

 

“Foi mais via partidária. Ele [Zanatta] estava no PMDB e o PR [então sigla de Emanuel] também apoiou. Wellington defendeu a indicação, mas ela foi mais partidária”, explicou.

 

Trimec

 

O vereador Felipe Wellaton (PV) questiona se Wanderley Torres, da empresa Trimec, pagou propina a Emanuel. Silval disse não ter conhecimento.

 

Wellaton, então, questionou se outra empresa pagou propina aos deputados.

 

“Várias empresas deram retorno das obras. Mas quando eu conversava com eles, eu nunca dizia que era para pagar propina aos deputados. Dizia que era pra pagar resto de campanha”, disse.

 

Pagamento de pesquisa

 

O vereador Toninho de Sousa (PSD) questionou se há alguma possibilidade de parte daquele dinheiro levado pelo prefeito ser de dívida de campanha de seu irmão.

 

“Certeza, absoluta, que não tem relação nenhuma”, disse.

 

“Enquanto deputado, Emanuel esteve no governo para cobrar dívida do irmão?”, perguntou Toninho. “Não me lembro”, resumiu Silval.

 

Mudança de versão

 

O vereador Paulo Araújo (PP) questionou se Emanuel pediu para mudar versão de delação.

 

“Não. Nem ele, nem emissário dele. Eu não atendo ninguém também. Repito: nunca fui procurado por ele nem por emissário dele.”, disse.

 

O vereador, então, perguntou se havia passivo com a empresa do irmão de Emanuel. “O Silvio deu um cheque. Mas não tenho conhecimento disso”.

 

Dinheiro na hora

 

Araújo perguntou se o irmão de Silval, Toninho Barbosa, deu carro para pagar dívida com o instituto de Popó Pinheiro.

 

“Não sei. Mas se aconteceu seria em 2010. Quando contratamos pesquisas, geralmente os institutos querem receber antes, na hora. Muito difícil deixar coisa para depois, até porque eles querem dinheiro para ir a campo”, explicou.

 

Comissão em gabinete

 

O vereador Renivaldo Nascimento (PSDB) questionou se Emanuel participou da tratativa que negociava os valores da propina.

 

“Te respondo objetivamente”, disse Silval pegando os anexos de sua delação e olhando as anotações. “Da comissão que foi ao gabinete, não”, respondeu.

 

“Entregou valor em especial ao Emanuel?”, perguntou Renivaldo. “Entreguei para o Silvio repassar. Para ele diretamente, não”.

 

Pedido de propina da Câmara

 

Renivaldo perguntou, por fim, se a comissão instalada na Câmara, na Legislatura passada, para acompanhar as obras da Copa, pediu algum valor de propina ao ex-governador. O tucano fazia parte desta comissão.

 

Idas ao Palácio

 

Dilemário Alencar (Pros) questionou se era raro Emanuel estar no Palácio.

 

“Eu recebia deputados constantemente. Seja oposição, situação. E o Emanuel esteve, sim, algumas vezes no Palácio. Não só ele, como outros. Era meu papel como governador receber os deputados”, disse Silval.

 

Ele perguntou, então, se Emanuel fez gestão junto a ele para que Silvio pagasse dívidas de campanha eleitoral.

 

“Eu não me lembro dele ter me procurado para pagar Popó. Eu não lembro de ter tratado com esse assunto com Emanuel”.

 

Outros vídeos

 

“Existe mais algum vídeo, mais algum áudio, ou se Daltinho entregou áudio daquela reunião que pode colaborar com a CPI?”, questionou Dilemário.

 

“Como eu já havia falado, essa reunião entre os deputados que foram gravados, ficou entre eles. Eu não cheguei a ter acesso. Ouvi dos deputados que havia essa chantagem para ele se manter no cargo. Agora, teve, sim, outros vídeos, mas não com Emanuel, eles estão na delação”.

 

Sem mentir em CPI

 

O vereador Diego Guimarães (PP) questioniu se Silval mentira na CPI para não perder a delação firmada.

 

“Eu fiz um acordo depois de muita reflexão com minha consciência, família e advogados. E confiando em Deus e na Justiça. Fiz um compromisso e disse a verdade. E onde estou sendo convocado, meu compromisso é com a verdade. Vou falar aquilo que aconteceu de fato sem querer condenar ninguém. Cada um que responda por aquilo que fez”.

 

“Na casa do prefeito foi encontrada degravação da conversa de Zanatta com Silvio. O senhor teve acesso ao que constava naquilo e se era verdade?”, questionou Diego.

 

“O que ocorre é que eu ouvi e li pela imprensa o que foi na gravação. Fiquei sabendo depois. O conteúdo da gravação, se estava certo ou errado, quem cuidou foi a parte jurídica”, respondeu o ex-governador.

 

Por fim, ele pergunta se Silval sabe de alguma irregularidade na atual gestão de Emanuel. Silval disse que não e que acompanha pela imprensa.

 

Relação política e mensalinho

 

Abílio Junior (PSC) questionou qual a relação do ex-governador com Emanuel. Silval disse que era apenas uma relação política.

 

“Eu fui conhecer o Emanuel Pinheiro no meu primeiro mandato, em 1999. Tive mandato com ele e era uma relação política nesses anos”.

 

Perguntou, então, se Emanuel recebia também mensalinho.

 

“O acordo era com a Mesa e era para todos os deputados. Se era com todos, me leva a crer que ele também estava. E isso que estou relatando aqui não é mais novidade. O Riva sempre compôs a Mesa e fez uma confissão na Justiça relatando essa questão do mensalinho na Assembleia Legislativa”.

 

“A extorsão foi coletiva. Fiz compromisso e repassei dinheiro a todos. Como mostram as planilhas e vídeos. Posso afirmar que houve um acordo e que era extorsão. O deputado Emanuel estava dentro desse acordo”, afirmou.

 

"Não sei dizer em que momento Emanuel participou da discussão do acordo na Assembleia. Mas o dinheiro acordado com os deputados é fruto de propina, sim. Não tem nada a ver com pesquisa de Popó", disse.

 

Convocação de Riva

 

O presidente da CPI, Marcelo Bussiki, pediu que seja deliberada a convocação do ex-presidente da Assembleia José Riva, para que fale a respeito do suposto mensalinho recebido pelos deputados. O pedido precisa ser acatado pelos três membros da Comissão.

 

Caixa dois

 

O vereador Eliseu Nascimento (PSDC) perguntou se Instituto Mark recebia dinheiro de caixa dois.

 

“O que era prestado conta ao Tribunal Eleitoral ou a Secom era dado nota fiscal. Mas, senão, era fruto de caixa dois”, disse Silval.

 

Sócio de Mauro Mendes

 

O vereador Luis Claudio (PP) perguntou se Silval era sócio do ex-prefeito Mauro Mendes (PSB) e qual a origem do dinheiro que pagava as propinas.

 

“Dentro da minha colaboração, eu expliquei que para manter sistema podre que era a manutenção dessas extorsões não só da AL como TCE e pagar dívidas com factorings, você tinha as empresas que prestavam serviços, tinham incentivos fiscais e outros. Essa era a origem para fazer a manutenção desse sistema”.

 

“Se eu sou sócio do Mauro Mendes, o meu irmão foi sócio do Mauro e do Nei na compra de uma mineradora. Mas isso não envolveu propina. Eles têm contrato”, disse.

 

E perguntou, por fim, se tinha conhecimento de todas as propinas pagas em seu Governo. “Não tinha conhecimento de tudo”.

 

Não existe margem de erro nenhuma. Estou convicto de que aquilo era pagamento de uma parcela da propina

Entregou bens

 

O vereador Juca do Guaraná (PCdoB) questionou quais são as dívidas de 2015 que Silval teve que pagar. Bussiki disse que a pergunta não estava no objeto da CPI, mas membros acabaram permitindo que pergunta fosse respondida.

 

“Ficaram algumas dívidas de campanha. Primeiro, eu estive presente na campanha do Lúdio Cabral em 2014. Eu fiquei como avalista de contratações até que viesse o dinheiro de Brasília, mas de R$ 7 milhões que ficaram de vir, veio R$ 1 milhão. Eu ajudei a pagar um pouco das gráficas, do marketing e sobrou uma parte para o Grupo Gazeta, algo em torno de R$ 1 milhão e R$ 2 milhões para Gráfica Print. O Pedro Nadaf entregou alguns bens para Gazeta e fiz o mesmo com a gráfica e entreguei alguns patrimônios da família. Mas isso está na colaboração, vereador. Leia e você vai encontrar”, disse.

 

Pesquisa maculada

 

O vereador Gilberto Figueiredo (PSB) perguntou se em alguma das contratações de pesquisa, pediu que resultado estivesse maculado.

 

“A gente ouve muito, principalmente nessas pesquisas registradas em cartório, mas eu sempre procurei o resultado correto. Eu nunca pedi para mascarar resultado do levantado nas ruas. Mas a gente ouve muito isso, pode haver um pouco de mito nisso. Porque quem é candidato de fato, é loucura tentar maquiar pesquisa, porque está iludindo ele mesmo”, afirmou.

 

Sem margem de erro

 

Figueiredo perguntou, então, se naquele dia que foi realizada a filmagem, existe uma “pequena possiblidade”, de que ele esteja equivocado e que presença de Emanuel fosse representando seu irmão.

 

Entreguei ao MPF todos os recursos que recebemos ilicitamente e para onde foram. Esse é só mais um que recebia, passava para Silvio e ele entregava. Tudo eu tenho como provar que está lá

“Não existe margem de erro nenhuma. Estou convicto de que aquilo era pagamento de uma parcela da propina”, resumiu.

 

Trouxe esclarecimentos

 

O advogado de Emanuel, Andre Stumpf, disse que Silval trouxe alguns esclarecimentos.

 

“Hoje o senhor trouxe muitos esclarecimentos. Eu pude anotar alguns pontos fundamentais. O primeiro foi que em nenhum momento Emanuel agiu para atrapalhar trâmite e sua delação; segundo que em nenhum momento ele participou da reunião que se combinou a tratativa; terceiro que jamais o senhor entregou valores pessoalmente ele; que contratou diversas vezes o Instituto Mark; que o pagamento foi feito de caixa dois; Silvio não participou da suposta reunião com deputados; e que você designou Silvio para fazer pagamento”, afirmou.

 

“O senhor disse que não sabia de pesquisa e que Silvio pagou com cheque próprio...”, disse o advogado.

 

“Eu mesmo posso ter contratado, mas o que disse foi que eu não tinha conhecimento da dívida, porque quando contratava eu mandava pagar”, afirmou.

 

O advogado perguntou, então, se Silval tinha como provar que todos os repasses eram fruto de propina.

 

“Entreguei ao MPF todos os recursos que recebemos ilicitamente e para onde foram. Esse é só mais um que recebia, passava para Silvio e ele entregava. Tudo eu tenho como provar que está lá”, disse.

 

Quem em sã consciência vai acreditar que, uma fila indiana que ocorreu naquele dia da gravação é pagamento de pesquisa?

Silval disse que a iniciativa de gravar os deputados foi de Silvio e que ele autorizou. "Somente o Silvio sabia que naquele momento estavam pagamento propina e gravando as ações".

 

Sã consciência e fila indiana

 

O advogado questionou se Silval tem consciência de que se dizer que dinheiro entregue a Emanuel é de pesquisa, irá implicar a delação de Silvio.

 

O ex-governador afirmou que ninguém em sã consciência irá acreditar que aquele dinheiro pego pelos então parlamentares não é de propina.

 

“Como você mesmo afirmou, tenho segurança da verdade dos fatos relatados e estou confiante na Justiça. Agora, vou deixar uma coisa clara para você e comissão: quem em sã consciência vai acreditar que, uma fila indiana que ocorreu naquele dia da gravação, sendo que todos estavam na minha antessala, aquilo é pagamento de pesquisa?”, disse.

 

“Aquilo dali é retorno de dinheiro e meu compromisso com delação é compromisso com a verdade. Questionar é seu papel, mas eu estou tranquilo com minha consciência. É o momento de dar a minha contribuição com meu Estado”, completou.

 

O advogado tentou recolocar a pergunta, dizendo que Silval não o respondeu. Mas Silval voltou a dizer que “está falando a verdade”.

 

Convocações

 

Por fim, os vereadores pediram que sejam convocados os deputados que acertaram os valores da propina; a convocação do deputado Adalto de Freitas, que teria gravado uma reunião na Assembleia; e pediram que o prefeito Emanuel Pinheiro comparece à Comissão.

 

Bussiki encaminhou os pedidos para serem apreciados pelos membros da CPI e, por fim, encerrou a sessão.



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